Palácio Nacional de Mafra

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Convento/Palácio Nacional de Mafra
Entrada principal do palácio
Estilo dominante Barroco Joanino
Arquiteto João Frederico Ludovice,
Engenheiro Manuel da Maia
Início da construção 1717
Função inicial Religiosa: convento masculino da Ordem de São Francisco
Residencial: palácio real
Proprietário atual Estado Português
Função atual Religiosa: igreja paroquial
Cultural: museu
Militar: quartel
Administrativa: Câmara Municipal
Visitantes 274.255 (2014)
Website palaciomafra.pt
Património Nacional
Classificação  Monumento Nacional
Data 1910
DGPC 69940
SIPA 6381
Geografia
País Portugal
Cidade Mafra
Localidade Terreiro D. João V
Coordenadas 38° 56' 12" N 9° 19' 35" O

O Convento/Palácio Nacional de Mafra localiza-se no concelho de Mafra, no distrito de Lisboa, em Portugal. A cerca de 25 quilómetros de Lisboa, é composto por um palácio e mosteiro monumental em estilo barroco, na vertente alemã. Os trabalhos da sua construção iniciaram-se em 1717 por iniciativa de João V de Portugal, em virtude de uma promessa que fizera em nome da descendência que viesse a obter da rainha dona Maria Ana de Áustria. Classificado como Monumento Nacional em 1910, foi um dos finalistas da iniciativa Sete Maravilhas de Portugal a 7 de Julho de 2007.

Basílica[editar | editar código-fonte]

A fachada principal e a envolvente do Convento de Mafra, aproximadamente a meio do século XVIII.
Basílica do Palácio Nacional de Mafra.

Trata-se de uma obra de enormes dimensões, que consegue num só edifício de grande escala, reunir uma igreja, um convento e um palácio. Sendo a obra de maior referência no reinado de D. João V, o chamado período joanino. Numa altura em que vivíamos numa monarquia absoluta, esta obra vai nascer mais por necessidade política, usando o dinheiro vindo do Brasil. Desta forma, D. João V vai criar uma marca do seu reinado e mudar o paradigma da artes em Portugal. [1]

Destinado à Ordem de São Francisco, o Convento foi pensado inicialmente para 13 frades, mas o projeto foi sendo sucessivamente alargando para quarenta, oitenta e finalmente uma comunidade de trezentos religiosos e palácio real.

É escolhido para seu arquiteto João Frederico Ludovice, ourives arquiteto e engenheiro militar prussiano que estudara arquitetura em Itália. João Frederico Ludovice dirige a obra até 1730 e para sua conclusão deixa seu filho João Pedro Ludovice também arquiteto formado na escola de risco Mafrense.

Para os altares da Real Basílica, para as diversas capelas e áreas conventuais, como a portaria e o refeitório, dom João V encomendou uma coleção de pintura religiosa que se conta entre as mais significativas do século XVIII. Avultam, neste assinalável conjunto, obras dos pintores italianos Masucci, Giaquinto, Trevisani ou Battoni e de portugueses bolseiros em Roma como Vieira Lusitano e Inácio de Oliveira Bernardes.

A coleção de escultura compreende toda a estatuária da Basílica, encomenda joanina a grandes mestres italianos, entre os quais se contam Lironi, Monaldi, Bracci, Maini, Corsini, Rusconi e Ludovisi, constituindo a mais significativa colecção de escultura barroca italiana fora de Itália, a qual inclui ainda os seus estudos em terracota, bem como a produção da Escola de Escultura de Mafra, aqui criada no reinado de dom José I sob a direção do mestre italiano Alessandro Giusti, e por onde passaram importantes escultores como Machado de Castro. Possui, ainda, uma importante coleção de paramentos de encomenda real em Itália e em França.

Por vontade do Rei, a cerimónia da sagração da Basílica foi realizada no ano de 1730, a 22 de Outubro, data do seu 41º aniversário, que nesse ano caía a um domingo, dia destinado pelo ritual da Igreja para esse fim, embora as obras ainda estivessem bastante atrasadas.

Trezentos e vinte e oito frades arrábidos ingressaram então na comunidade de Mafra, vindos de diversos conventos na região mandados extinguir por Decreto Real.

Já no reinado de dom José, foram os Franciscanos enviados para o Convento da Arrábida, em Setúbal e os Cónegos Regrantes de S. Agostinho transferidos da Patriarcal para o Convento de Mafra, onde se instalaram em 1771. Data da permanência dos Agostinhos em Mafra, a encomenda das estantes da Biblioteca, em madeira entalhada em estilo rocaille, ao arquiteto Manuel Caetano de Sousa.

No reinado de dona Maria I, em 1791, os Franciscanos regressam de novo a Mafra, mas apenas em número de duzentos.

Palácio[editar | editar código-fonte]

Palácio Nacional de Mafra, Litografia de 1853.
Palácio Nacional de Mafra, vista aérea.

Há quem defenda que a obra se construiu por vias de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia. O nascimento da princesa dona Maria Bárbara determinou o cumprimento da promessa. Este palácio e convento barroco domina a vila de Mafra. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e uma das Sete Maravilhas de Portugal a 7 de Julho de 2007.

O trabalho começou a 17 de Novembro de 1717 com um modesto projeto para abrigar 13 frades franciscanos, mas o ouro do Brasil começou a entrar nos cofres portugueses; dom João V e o seu arquiteto, Johann Friedrich Ludwig (Ludovice) (que estudara na Itália), iniciaram planos mais ambiciosos. Não se pouparam a despesas. A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projeto final acabou por abrigar 300 frades, um palácio real e uma das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte. A basílica foi consagrada no 41º aniversário do rei, em 22 de Outubro de 1730, calhado a um domingo, com festividades de oito dias.

A Sala Amarela do Palácio.
A Sala dos Destinos.
A Sala do Trono.

Para a sua construção vieram técnicos de toda a Europa. Esta mão de obra especializada teve uma importante missão na realização do projeto de Ludovice. Assim vai receber vários tipos de contribuições, podendo ser uns mais activos e outros mais ilusórios. As ideias patentes neste Convento foram inspirado nos grandes palacetes urbanos do Barroco internacional, tendo como referência São Pedro de Roma, muito devido a Carlos Fontana e a passagem do arquitecto por Roma. Em suma, Mafra é um bom exemplo de erudição, de boa arquitectura, de boa construção em termos de pura engenharia, conjugando a citação clássica com a necessidade de a apresentar enquanto espectáculo. [2]

O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na tapada. Hoje em dia decorre aqui um projeto para a preservação dos lobos ibéricos. As melhores mobílias e obras de arte foram levadas para o Brasil, para onde partiu a família real quando das invasões francesas, em 1807. O mosteiro passou a ser usado por forças militares desde 1834, após a dissolução das ordens religiosas. Durante os últimos reinados da Dinastia de Bragança, o Palácio foi utilizado como residência de caça e dele saiu também em 5 de Outubro de 1910 o último rei dom Manuel II para a praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio.

No palácio, pode-se visitar a farmácia, com belos potes para medicamentos e alguns instrumentos cirúrgicos, o hospital, com dezasseis cubículos privados de onde os pacientes podiam ver e ouvir missa na capela adjacente, sem saírem das suas camas. No andar de cima, as sumptuosas salas do palácio estendem-se a todo o comprimento da fachada ocidental, com os aposentos do rei numa extremidade e os da rainha na outra, a 232 m de distância. Ao centro, a imponente fachada é valorizada pelas torres da Basílica coberta com uma cúpula. O interior da Basílica é forrado a mármore e equipado com seis órgãos do princípio do século XIX, com um repertório exclusivo que não pode ser tocado em mais nenhum local do mundo. O átrio da basílica é decorado por belas esculturas italianas. Aqui existiu ainda a Escola de Escultura de Mafra, criada por dom José I em 1754, foram muitos os artistas portugueses e estrangeiros que aí estudaram sob a orientação do escultor italiano Alessandro Giusti. A sala de caça exibe troféus de caça e cabeças de javalis.

O real edifício de Mafra é um organismo complexo, delimitado nos seus ângulos por duas torres-blocos, de linguagem militar, onde vamos encontrar os palácios do rei e da rainha, tendo a igreja como ponto central. O convento ocupa a parte de trás do edifício, ou seja, a fachada principal é destinada ao rei, e na sua parte posterior é que vai surgir o convento.

Carrilhões[editar | editar código-fonte]

O Palácio possui ainda dois carrilhões, mandados fabricar em Antuérpia e em Liège por dom João V, com um total de 98 sinos. São os maiores carrilhões do século XVIII existentes no mundo. Cada um deles cobre uma amplitude de quatro oitavas (por isso considerados carrilhões de concerto). 

Foram realizados por dois fundidores de sinos dos Países Baixos: Willelm Witlockx, um dos mais respeitados fundidores de sinos em Antuérpia e Nicolaus Levache, um fundidor de Liége responsável por diversos carrilhões e que deixou, efetivamente, em Portugal uma tradição de fundição que perdurou por mais de um século após a conclusão do trabalho em Mafra.

Este conjunto único inclui também o maior conjunto conhecido de sistemas de relógios e de cilindros de melodia automática; ambas as torres de Mafra possuem mecanismos automáticos de toque (quatro cilindros rotativos com cavilhas e alavancas) Este é um marco mundial para o estudo, quer da música automática quer da relojoaria. Estes complexos engenhos são capazes de tocar de modo intermutável de entre cerca de dezasseis diferentes e complexas peças de música, em qualquer momento. Os cilindros melódicos de Mafra foram executados pelo famoso De Beefe, construtor de relógios dos Países Baixos da primeira metade do século XVIII.[3]

Biblioteca do Convento de Mafra[editar | editar código-fonte]

Biblioteca do Convento de Mafra.

O maior tesouro de Mafra é a sua biblioteca, com chão em mármore, estantes em estilo rococó e uma coleção de mais de 36 000 livros com encadernações em couro gravadas a ouro, incluindo uma segunda edição de Os Lusíadas de Luís de Camões. Abrange áreas de estudo tão diversa como a medicina, farmácia, história, geografia e viagens, filosofia e teologia, direito canónico e direito civil, matemática, história natural, sermonária e literatura.

Situada ao fundo do segundo piso é a estrela do palácio, rivalizando em grandiosidade com a Biblioteca da Abadia de Melk, na Áustria. Desenhada por João Frederico Ludovice, sendo as estantes de autoria de Manuel Caetano de Sousa, tem 88 metros de comprimento, 9,5 metros de largura e 13 metros de altura. O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira em estilo rococó, situadas em duas filas laterais e separadas por um varandim, contêm milhares de volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XIV ao XIX. Entre eles, muitas jóias bibliográficas, como incunábulos. Muitos deste volumes foram encadernados na oficina local. A biblioteca de Mafra é também conhecida por acolher morcegos, que ajudam a preservar as obras.[4]

Referências

  1. Borges, Nelson Correia (1993), História da Arte em Portugal Do Barroco ao Rococó, Volume 9. Lisboa. Publicações Alfa, pp. 59-62
  2. Borges, N. C. (1993). História da Arte em Portugal. Do Barroco ao Rococó. Volume 9. Lisboa: Alfa, p. 63
  3. Informação fornecida por Palácio Nacional de Mafra
  4. Informação fornecida por Palácio Nacional de Mafra

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • GOMES, Joaquim da Conceição. Descrição minuciosa do monumento de Mafra, ideia geral da sua origem e construção e dos objetos mais importantes que o constituem. Segunda edição, correta e aumentada com muitas notas e com uma notícia de Sintra, seus edifícios e arredores. Imprensa Nacional: 1871.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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